BIBLIOTECA CENTRAL MONTEIRO LOBATO

Antecendentes
Era o ano de 1937 e Getúlio Vargas deveria encerrar seu mandato no ano seguinte, mas decidido a continuar no poder, suspendeu o processo democrático e em 10 de novembro daquele ano determinou o fechamento do Congresso Nacional, decretou uma nova Constituição e deu início ao Estado Novo.

Neste contexto vivia Guarulhos. Na época, era uma pacata cidade, sem muitos atrativos culturais. Isso motivou três funcionários públicos (João Ranali, Mário Boari Tamassia e Paulo de Morais) a elaborarem um projeto de criação de uma biblioteca municipal para o então prefeito José Moreira de Mattos. Em 20 de junho de 1939, foi criada a Biblioteca Pública Municipal, através do Ato nº 233.

O acervo de mil e quinhentos volumes foi montado com livros doados pela própria comunidade e o mobiliário foi cedido pelo Sr. Antonio Machado da Empresa de Ônibus Guarulhos (RANALI, 1986, p. 117-8).

A Biblioteca foi instalada em 26 de outubro de 1940, no salão nobre da Prefeitura, situado na da rua Felício Marcondes esquina com a rua Sete de Setembro.

Inauguração
Em 10 de novembro de 1940 foi então inaugurada oficialmente a Biblioteca Pública Municipal prestando-se, nessa ocasião, uma homenagem ao aniversário do Estado Novo. Em 1955 é criado o Setor Circulante para empréstimos de livros (ROMÃO, 1980, p. 187).

Novo prédio e nome oficial
Devido ao crescimento da cidade e consequentemente do número de usuários, em 1960 é elaborado um projeto arquitetônico para construção de um novo prédio para a Biblioteca. O local escolhido foi a parte baixa do cemitério São João Batista, situado na rua João Gonçalves.

A senhora Maria Helena Leite de Morais, filha do Sr. Paulo de Morais, conta que os cidadãos não aprovaram imediatamente a idéia e que o poder público, ofereceu às famílias dos falecidos dois jazigos no cemitério São Judas Tadeu, no Picanço, para que aceitassem a remoção dos corpos e assim foi feito.

Em 13 de junho de 1968 é inaugurado o novo prédio da Biblioteca Municipal. Por sugestão do Sr. Ronaldo Saraceni, então diretor do Departamento de Educação e Cultura, a seção infantil receberia o nome de Monteiro Lobato.

A Sra. Palmira Maria Moreno F. Simioli, criança na época e usuária assídua, conta que na ocasião da inauguração houve um coquetel com a presença de autoridades e também da filha de Monteiro Lobato, Sra. Martha Monteiro Lobato. Nesse dia, a Sra. Palmira foi premiada com o livro Contos de Fadas, traduzido pelo escritor e autografado pela sua filha.

Manifestação dos estudantes
Outro fato marcou a inauguração do novo prédio: a manifestação de estudantes universitários. A Sra. Suely Macca, uma das estudantes da época, conta que o prédio da rua João Gonçalves, construído especialmente para abrigar a Biblioteca Municipal, seria ocupado também por outros setores da Prefeitura, o que ocasionou desagrado entre os estudantes, que percebiam a necessidade de um equipamento cultural na cidade. Por este motivo, os estudantes reuniram-se e reivindicaram o que era deles por direito: a biblioteca.

Dez anos depois, em 6 de julho de 1978, através do Decreto nº 6344, a Biblioteca Pública Municipal recebe, com muita honra, o nome de Biblioteca Municipal Monteiro Lobato.

Primeiro bibliotecário
Em 1982, a Sra. Áurea Andrade Mansur, funcionária pública atuante e responsável pela administração da Biblioteca, solicita que seja contratado um bibliotecário para integrar o quadro funcional, sendo atendida pelo Decreto nº 9268, em 13 de agosto de 1982, que criou a função e admitiu a primeira Bibliotecária: a Sra. Sidney Macca que, inclusive, ainda atua na instituição.

Ampliação, mudanças e início do Sistema de Bibliotecas
Da década de 90 até os dias atuais, a Biblioteca Monteiro Lobato passou por várias mudanças:
Em 1994, deu inicio ao Sistema Municipal de Bibliotecas, com a criação da primeira Biblioteca Ramal em Vila Galvão Paulo do Carmo Dias. Em 1996, foi ampliada e teve seu acervo aberto para consulta.
Passou por reformas em 2000 e 2002. Em 2002, foi informatizada e teve seu acervo unificado.
Em 1994, deu inicio ao Sistema Municipal de Bibliotecas, oficializado por lei em janeiro de 1985, com a criação da Biblioteca Paulo do Carmo Dias. Em 1996, foi ampliada e teve seu acervo aberto para consulta. Passou por reformas em 2000 e 2002. Em 2002, foi informatizada e teve parte de seu acervo unificado em catálogo digital.

Ação Cultural 
É necessário destacar ainda a criação do Núcleo de Ação Cultural (2004). Foram contratados agentes culturais para dar suporte às diversas atividades e eventos culturais das bibliotecas e elaborar projetos de ação cultural com o propósito geral de fomentar projetos e iniciativas ligadas ao livro, leitura e literatura. Alguns projetos desta época, como o concurso literário A Palavra em Prisma, tornaram-se programas tradicionais no circuito literário do município.

Espaço Troca Livros 
O Espaço Troca Livros, inaugurado em 19 de junho 2004, foi e ainda é uma grande conquista dos estudantes e leitores da cidade. Possui o propósito de incentivar a troca e doação de livros, bem como triar e selecionar os materiais. No início de 2014, o Espaço mudou-se para a Biblioteca Central.

Espaço Braille
A inauguração do Espaço Braille Prof.ª Alice Ribeiro, no piso térreo da Biblioteca Central Monteiro Lobato, aconteceu em 22 de maio de 2000. Há mais de uma década o Espaço oferece um atendimento especialmente direcionado às pessoas com deficiência visual, facilitando o acesso a livros didáticos, paradidáticos, infanto-juvenis, romances etc., ampliados ou transcritos para o Sistema Braille ou gravados em CDs. Trata-se de um centro de orientação e referência em tecnologias assistivas aos voluntários e portadores de deficiência visual.

Reformas e novos equipamentos 
Como parte de um amplo programa de revitalização, foram reformadas e reinauguradas as bibliotecas Gracinda dos Anjos de Sá Domingues, Orobó Presidente Dutra, Paulo do Carmo Dias e Maestro Cezar Testai.

Telecentros
Com o intuito de acompanhar a revolução digital, foi inaugurado o Telecentro da Biblioteca Central e, posteriormente, das Biblioteca do Adamastor.

Gibiteca e Mangateca 
Oriunda da iniciativa e doação dos funcionários da Biblioteca Central, foi aberta ao público em 2011 com diversificado acervo e ciclo de exposições de autores do universo das histórias em quadrinhos.

Durante seus mais de 70 anos de existência, o Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais de Guarulhos propicia pesquisa, informação e lazer através de seu acervo e dos diversos programas culturais que abriga.

Referências
RANALI, João. Cronologia guarulhense. São Paulo: Artes Gráficas Guarú, 1986. v. 1.
ROMÃO, Gasparino José; NORONHA, Adolfo de Vasconcelos. Guarulhos. São Paulo: Artes Gráficas Guarú, c. 1980.

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