VACINA EM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO USA PROTEÍNAS DO PRÓPRIO CORONAVÍRUS

Uma empresa de Ribeirão Preto (SP) estuda a produção de uma vacina que utiliza proteínas do próprio coronavírus. Ainda em fase inicial de desenvolvimento, o grupo de biotecnologia prevê realizar, a partir de julho, os primeiros testes em camundongos.

As proteínas, segundo a Farmacore, ativam o sistema imunológico contra a Covid-19 e funcionam em associação com um sistema desenvolvido nos Estados Unidos que garante a entrega dos antígenos às células certas.

A validação em animais antecede os testes em humanos.

De acordo com um recente balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), há no mundo em torno de 118 vacinas contra o coronavírus em desenvolvimento, entre elas 8 em fase clínica e 110 em fase pré-clínica. No Brasil, estão previstos os primeiros testes em animais de uma vacina do Incor.

Em uma dessas iniciativas a Moderna, empresa de biotecnologia dos Estados Unidos, divulgou que sua vacina produziu resposta imune em oito pacientes, mas especialistas defendem que o estudo não garantiu dados críticos necessários para que a eficácia seja avaliada.

Em Ribeirão Preto, a Farmacore, que desde 2005 desenvolve soluções em saúde humana e animal para indústrias, iniciou os estudos no final de janeiro com base nas informações que começaram a ser divulgadas sobre o vírus no meio científico.

Em fevereiro, a revista “Science”, uma das mais importantes do mundo, publicou o sequenciamento da Sars-Cov2 descoberto por cientistas e abriu perspectivas para a busca de vacinas.

Nesse período, a empresa do interior de São Paulo informa ter encontrado uma combinação que tem potencial de ativar dois linfócitos (células do sistema imunológico) conhecidos por agirem contra o novo coronavírus, explica a CEO Helena Faccioli.

“Juntamos vários pedaços de proteínas do próprio vírus e fizemos uma proteína de fusão”, explica.

A solução em estudo conta com um sistema de entrega – inovação desenvolvida pela empresa americana PDS Biotecnologia – que leva essas substâncias até os linfócitos.

“Todas as vacinas que estão sendo testadas têm alguma coisa diferente uma da outra. A maioria está usando o vírus atenuado ou vacinas de RNA. A nossa é uma junção das principais proteínas do vírus com o sistema carreador”, explica a CEO.

A expectativa é de que a formulação da vacina, que será feita nos EUA, comece a ser testada em julho em camundongos não infectados. “No camundongo vamos ver a resposta imunológica, se ele vai produzir anticorpos contra a Covid-19”, diz.

Se os resultados forem promissores, os primeiros testes em humanos podem acontecer a partir de setembro, afirma Helena Faccioli.

Procurados, os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia não comentaram a aprovação que permite o andamento do estudo.

Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas. Entre elas está a pesquisa básica, que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita. Depois, passam para os testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais, para demonstrar a segurança do produto; e depois para os ensaios clínicos, que podem se desdobrar em outras quatro fases:

– Fase 1: Feita em seres humanos, para verificar a segurança da vacina nestes organismos; 

– Fase 2: Onde se estabelece qual a resposta imunológica do organismo (imunogenicidade);

– Fase 3: Última fase de estudo, para obter o registro sanitário;

– Fase 4: Distribuição para a população.  

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