Crônicas do cotidiano: Percepções na terceira idade

Hoje estou na casa dos sessenta anos…Parece que o tempo está em câmera lenta, porque na
minha cabeça, meu cérebro continua na casa dos trinta, quarenta…Não tenho
comportamento padrão de sessenta anos, pelo menos não me vejo assim, e isso não é algo
extraordinário, é algo assustador, porque agora pouco tinha quarenta e poucos anos…

Semana retrasada estava com meus amores (filhas), que são bem jovens e estávamos indo ao
shopping (para variar) em São Paulo.

Cheguei à capital e peguei um automóvel que estava guardado na garagem e lá fomos para o
shopping, eu e as meninas.

Ao procurar uma vaga, fui logo na que estava destinado aos idosos e minha filha mais velha
(24 anos) comentou ainda dentro do carro…Mas pai, não consigo te enxergar assim…Mas na
verdade, deve, pois irei fazer 63 anos em Janeiro/2015, meu cérebro recusa aceitar, mas meu
corpo dá sinais de que é melhor ir se acostumando e que o processo de dar adeus à um físico
preservado começou à cobrar pela idade fisiológica, e não há muito à fazer, a não ser evitar
gastar os neurônios e a paciência com bobagens do dia a dia.

É nessa fase principalmente onde há a percepção de que se deve poupar de pessimismos e
baixo astral de evitar situações estressantes e só temos a ganhar com isso, evitar permanecer
ao lado de pessoas malévolas e negativistas também é muito aconselhável, porque parece
que nosso escudo protetor se desgastou e para recuperá-lo, nada melhor do que curtir a
natureza e rir muito, ao lado de amigos e conhecidos que nos queiram bem. Sei que é algo
paliativo, mas funciona.

É impressionante, nessa fase da vida, como nossa sensibilidade para perceber o mal é
latente…Perceber o mau humor, a baixa energia nas pessoas, perceber o que nos faz mal.
Não sei se a natureza nos nutre desse radar ou somos nós mesmos que desenvolvemos esse
lado da percepção, mas minhas percepções andam por demais aguçadas, e não sei se isso é
muito bom…

Já faz alguns anos (cerca de dois ou três) que tenho percebido, sem olhar para fora, quando
estou dentro de uma avião, e antes dele se locomover, o tratorzinho que faz o pushback do
avião engata, uns quarenta segundos antes, e tenho a nítida sensação de que o avião no solo
começa a se locomover para trás, puxado pelo trator…

Mas a questão é que sinto todas as vezes isso, ANTES do trator puxar…

Sei que é estranho, mas já fiz alguns testes, inclusive
nessa semana que andei de avião, um após o outro, e próximo do avião ser puxado para trás
no solo, quando há o aviso de que o embarque foi encerrado, fecho os olhos e em alguns
instantes, sinto o deslocamento da aeronave no solo para trás…Abro os olhos e vejo que a
aeronave ainda permanece parada, no mesmo lugar, ela ainda não havia se
movido…

Passados 30/45 segundos e o avião começa a se afastar para trás, puxado pelo
pequeno trator, momento em que ele aciona a primeira turbina ou motor, aciona a segunda e
após o afastamento do pessoal de solo, turbinas ou motores acionados (se bem que hoje em
dia, acionam apenas um motor ou turbina, até que ele chegue próximo da cabeceira de
decolagem…

Econômico, mas altamente preocupante, pois se prender fogo na turbina em
Stand-By no acionamento, até a chegada dos bombeiros os passageiros e tripulantes estarão
em apuros). Medida estranha e não sei se correta de economia de combustível…

Há alguns anos atrás, indaguei com meu irmão mais velho (8 anos)…¨Você já parou para
pensar que pela estatística, terá somente mais vinte anos pela frente…Ele ficou muito
pensativo, daqui a dois meses fará setenta, passou dez anos desse comentário e parece que
foi ontem…Que vantagem a minha…Entrei na faixa de idade em que ele estava quando fiz o
comentário…Estou pensativo…Dá para parar o tempo?

Aproveite e visite a Livraria Amazon e adquira o meu livro lançado recentemente, ele está por
R$.41,00 com frete gratuito – www.amazon.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *