LUCCA, UMA PEQUENA GRANDE CIDADE.

Por Claudia Liechavicius

A Itália é realmente cheia de surpresas agradáveis. Assim é Lucca, na região noroeste da Toscana. À primeira vista, parece uma cidade pequenina. Mas, basta atravessar suas muralhas ainda tão bem preservadas e começar a caminhar que logo se entende porque tantas bicicletas circulam por ali. Suas ruelas medievais, de traçado aparentemente regular, guardam labirintos complicados. É preciso arranjar um mapa logo ao chegar, além de manter a atenção e ter disposição para andar (ou pedalar). Assim fica fácil desvendar os mimos arquitetônicos que Lucca guarda com tamanho cuidado. Afinal, cinco quilômetros de muros de pedra foram construídos no século XVI para proteger a cidade que felizmente não se envolveu em nenhuma batalha. E, por isso, mantém intacto o traçado da antiga colônia romana fundada em 180 a.C.

Ande, ande e ande pelas ruas de Lucca. A cidade é muito simpática. Se preferir alugue uma bicicleta pois, carros quase não entram no centro histórico. Apenas, alguns taxis circulam.
Caminhe sem pressa pelas ruas de Lucca que subitamente gratas surpresas aparecem. A começar pela Igreja San Michele in Foro. Foi construída onde havia um antigo Foro Romano e exibe uma fachada muito interessante feita em três fileiras de colunatas trabalhadas, com decoração predominantemente pagã.

Pelas frestas das ruelas de Lucca de repente surgem preciosidades arquitetônicas, como a igreja San Michele in Foro.

À primeira vista surge uma dúvida. Será uma igreja? Ela não ostenta imagens nos padrões convencionais. Apenas a figura alada de São Miguel indica tratar-se de uma igreja.
Pertinho dali fica a Casa di Puccini. Ali nasceu o grande compositor Giacomo Puccini e algumas das óperas mais populares do mundo, entre elas La Boheme e Turandot. A casa foi transformada em um pequeno museu que mostra retratos do grande mestre, esboços de figurinos e seu último piano.

Puccini é um dos filhos ilustres da cidade de Lucca.
Seguindo pela Via Filungo, principal rua comercial de Lucca, chega-se ao Anfiteatro Romano. Por muito tempo cortiços ocupavam o centro da praça, até que em 1830 o local foi esvaziado pelos governantes e então, sua forma original se revelou deixando transparecer um rico legado romano. Os portões baixos, em forma de arco sinalizavam o local por onde as feras e os gladiadores entravam na arena. É um ponto imperdível da cidade.

Várias lojinhas ocupam o lugar por onde, antigamente, as feras entravam no anfiteatro para se defrontar com gladiadores.

Anfiteatro Romano de Lucca visto do alto.É interessante observar a presença de uma arena cercada de casas.
A catedral de Lucca – San Martino – foi construída aos poucos. Primeiro foi feito o campanário, em 1060 e muitos anos mais tarde foi finalizada. Por isso, tem um aspecto assimétrico, em estilos diferentes.

O Tempietto da catedral de San Martino traz imagens belíssimas esculpidas em mármore.
Outra igrejinha linda é a Basilica di San Frediano que fica na Piazza del Collegio a alguns passos do Palazzo Pfanner.

A Basilica di San Frediano é pequenina e muito graciosa.
Já, o Palazzo Pfanner ostenta um dos jardins clássicos mais bonitos da Toscana, com uma enorme quantidade de estátuas barrocas de deuses da mitologia romana. No salão principal do prédio, uma exposição mostra trajes usados pelos nobres nos séculos XVIII e XIX, muitos deles em seda – tecido nobre que colocou Lucca em destaque.

Estátuas barrocas no jardim do Palazzo Pfanner.

Um detalhe curioso da cidade é a Torre Guinigi que pode ser avistada de longe ornada por pequenos carvalhos que insistem em crescer num local tão inusitado e pouco provável – no topo da torre. O líder da nobre e poderosa família que governou Lucca no início do século XV – Paolo Guinigi – construiu uma grande villa renascentista e um dos principais legados desse período para a cidade foi a Torre Guinigi. O ingresso para subir na torre e garantir vistas lindas de Lucca custa 3.50 euros. Mas, prepare-se para subir muitos degraus…

No topo da torre: carvalhos!

Lucca vista de Torre Guinigi..

Lucca é um charme. E além disso, tem boa fama pelas suas escolas de gastronomia. Se não sobrar muito tempo para procurar um bom restaurante ou fazer aulas com grandes chefs, pelo menos sente sem pressa para tomar um belo gelato!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *