PF CUMPRE BUSCA E APREENSÃO CONTRA FISCAIS DA RECEITA.
PF faz operação em SP contra esquema de corrupção e lavagem de dinheiro
Alvo da operação, que começou em 2018, são auditores fiscais suspeitos de cobrar propina para alterar multas aplicadas pela Receita a grandes empresas. 14 mandados de busca e apreensão são cumpridos em SP e no Rio nesta quinta (22).
Por G1 SP — São Paulo
PF realiza operação em SP e RJ contra lavagem de dinheiro e corrupção
A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (22) três novas fases de uma operação que começou em março de 2018 para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção por meio de uma rede de empresas de fachada.
Ao todo, são cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em empresas e escritórios dos investigados e de pessoas ligadas a diferentes organizações criminosas. As ações ocorrem nas cidades de São Paulo, Barueri, Jundiaí, Santo André e no Rio de Janeiro.
Chamada de Triuno, a ação tem como alvo um grupo criminoso comandado por auditores fiscais da Receita Federal. De acordo com a PF, os servidores são suspeitos de cobrar propina para alterar multas aplicadas pela Receita contra grandes empresas.
Dos três auditores, dois são aposentados, sendo que um deles reside fora do Brasil. O terceiro foi afastado das funções por conta das investigações.
Computador encontrado no lixo na casa de um dos auditores da Receita alvo de operação da PF — Foto: Divulgação/PF e Receita Federa
Um dos alvos tentou jogar dois computadores no lixo após a chegada da polícia.
Segundo a PF, o objetivo da operação é obter provas adicionais das operações fraudulentas utilizadas para esconder sonegações fiscais, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e associação criminosa.
Computadores apreendidos em operação da PF nesta quinta — Foto: Divulgação/PF e Receita Federal
Joias apreendidas durante operação da PF em SP nesta quinta. Elas foram encontradas em escritório de um dos alvos — Foto: Divulgação/PF e Receita Federal
Esquema de desvio
A operação desta quinta é um desdobramento da Operação Descarte, iniciada em março de 2018.
Na época, a PF identificou uma organização criminosa responsável por esquemas para sonegação tributária, crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
A análise do material apreendido na operação apontou a participação de servidores públicos que trabalhavam em procedimentos fiscais.
Ainda de acordo com a investigação, três agentes públicos teriam procurado os líderes da organização criminosa desvendada na 1ª fase da Operação Descarte e solicitado ajuda para que estes contatassem e intermediassem o recebimento de vantagens indevidas para as empresas que estavam fiscalizando.
Os recursos seriam distribuídos entre as várias empresas fantasmas participantes do esquema, controladas pelos operadores, e depois transferidos para empresas fantasmas controladas por doleiros, que devolveriam o dinheiro em espécie (após descontadas as suas comissões) aos referidos operadores.
O dinheiro seria retirado pelos agentes públicos em parcelas, na sede da organização criminosa.
A operação identificou que os operadores envolvidos também eram os autores de outros esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro, em operações que ainda estão sendo investigadas.
Foram abertos 275 procedimentos fiscais e lavrados Autos de Infração na ordem de R$ 980 milhões.
Histórico
A Operação Descarte é uma força-tarefa composta por policiais federais, auditores fiscais da Receita Federal e por um procurador da República do Ministério Público Federal em São Paulo.
A investigação surgiu a partir da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato.
A 1ª fase, deflagrada em março de 2018, mirava um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro comandado por uma concessionária que atua no serviço de limpeza pública da cidade de São Paulo.
Em 2019, uma empresa de turismo também foi alvo da operação.