REUNIÃO DE BOLSONARO COM GOVERNADORES DO SUDESTE TEM BATE-BOCA

Na reunião realizada por videoconferência do presidente Jair Bolsonaro com os governadores do Sudeste na manhã desta quarta-feira (25), teve bate-boca e os discursos descambaram para questões políticas e eleitorais.

O momento mais tenso foi protagonizado pelo presidente Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB); onde Bolsonaro acusou Doria de usar de “demagogia barata” e afirmou que, hoje o tucano “não tem responsabilidade e nem altura para criticar o governo federal!”. 

Em tom de voz elevado, o presidente acusou Doria de “assumir uma postura completamente diferente” desde o resultado das eleições de 2018: “Hoje, subiu a sua cabeça, subiu a sua cabeça, a possibilidade de ser presidente da República. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar o governo federal, que fez completamente diferente o que outros fizeram no passado. Vossa excelência não é exemplo para ninguém. Não aceito, em hipótese nenhuma, essas palavras levianas como se vossa excelência fosse responsável por tudo de bom que acontece no Brasil e acusa, levianamente, esse presidente que trabalha 24 horas por dia para o bem do seu povo. Guarde essas suas observações para as eleições em 2022, quando vossa excelência poderá destilar todo o seu ódio e demagogia. Nós aqui temos responsabilidade”, disse o presidente.

O governador paulista ameaçou ir à Justiça contra o governo federal no caso de confisco de equipamentos e insumos destinados ao combate do novo coronavírus no estado de São Paulo.

Participaram da reunião os governadores Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Romeu Zema (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo), além dos ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), entre outros. 

O clima destoou das demais reuniões feitas por Bolsonaro com os outros governadores do país desde segunda-feira. O encontro desta manhã aconteceu após um dia do pronunciamento de Bolsonaro em cadeia nacional, em que defendeu um afrouxamento das medidas de restrição ao Covid-19. Witzel e Doria são os governadores que Bolsonaro considera seus maiores adversários políticos.

Em um dos momentos, Bolsonaro foi cobrado a dar “o exemplo” ao país.

Doria pediu, “como brasileiro e como governador”, que o presidente tenha “serenidade e equilíbrio”. “Mais do que nunca, o senhor precisa comandar, liderar o país e, para isso, o senhor vai precisar de muita calma, de muito equilíbrio e de muita serenidade.”

O presidente, então respondeu:

“Se o senhor não atrapalhar o Brasil andar, com certeza. Sai do palanque, que temos tudo para conduzir juntamente com os governadores, prefeitos e demais autoridades, o Brasil para o porto seguro.”

Em um dos momentos de maior irritação, Bolsonaro disse não aceitar a atuação de Doria como “porta-voz” dos governadores.

“Essa situação de Doria como porta-voz dos outros governadores, pra mim não serve. Senhor governador João Doria, faça a sua parte, o governo federal está pronto para colaborar, como sempre esteve. Vossa excelência foi que fechou as portas para nós. Resolveu partir para a campanha antecipada de 2022 em vez de buscar o bem-estar do seu povo paulista, para minorar os problemas que se avizinhavam. Assim sendo, respondendo a vossa excelência, não atacando, mas apenas respondendo seus ataques infundados.”

O presidente passou a palavra para o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, que mediante a discussão pediu calma: “O momento, quando se tem uma crise dessa proporção, a primeira palavra que a gente precisa é ter calma e equilíbrio”.

Governadores também pediram ao presidente nesta quarta-feira que inicie negociações com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para que o pagamento das dívidas dos estados com essas instituições seja adiado por até um ano.

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